sábado, 11 de julho de 2009

Os labirintos de Elza

Parte IV

Ainda fiquei olhando por algum tempo o taxi que se afastava levando Elza para longe de mim, até que ele dobrasse em uma esquina. Eu estava rarefeito, flutuava, e cada partícula minha guardava a certeza de que eu amaria essa mulher por toda a minha vida. Tudo em minha volta pareceu transportar-se para outra dimensão: as flores no final da feira, as plantas, as pessoas, as falas, tudo o mais, pertenciam agora a um mundo que somente existe no coração que prova a prova da paixão e do amor.
Vencido o momento de novo arrebatamento por ter estado com Elza, procurei logo por um telefone com o qual falar com o Adauto, o perfeito amigo para as boas horas, e também para as não tanto. Eu queria contar-lhe todas as novidades. Sua família era dona de uma empresa comercial, e disse-me ele que, mesmo sendo um sábado, estaria ocupado com algo da empresa que lhe tomaria toda a tarde. Porém, menos que meia hora depois estávamos bebericando em um barzinho que costumávamos freqüentar. O Adauto quis saber de tudo.
Uma das primeiras coisas que perguntou foi o nome dessa garota que tanto frenesi causava em mim. Somente então percebi que ainda não sabia seu nome. Foi Adauto quem disse que eu havia passado por bom tempo procurando por uma mulher sem rosto, e agora estava apaixonado pela mesma mulher agora sem nome; que meu caso era de uma perdição no amor. Depois, enquanto almoçávamos, foi o Adauto quem fez uma primeira conjectura plausível, devido ao fato de Elza não ter-me dado seu nome e um número de telefone: seria ela uma mulher livre? Isso me desconcertou, penso, pois logo o Adauto desconsiderou isso e deu palavras de esperança e certeza de que em qualquer circunstância ela telefonaria.
Tenho certeza. Se eu tivesse recebido o número do telefone de Elza, nesse mesmo sábado eu teria telefonado. Porém, passou o sábado e o domingo, e o que tive foram sobressaltos e decepções a cada toque do telefone e perceber que do outro lado não era Elza quem ligava.
Passaram-se mais alguns dias, e nenhum telefonema. Até que, certo dia, precisei fazer uma viagem de um dia. Ao retornar no dia seguinte, logo ao chegar, junto com o seu sonoro bom dia, a Norminha – parceira no trabalho que havia se transformado em dileta amiga – disse-me que Elza havia ligado. Quando perguntei quem era Elza, de onde era, e se havia deixado um número de telefone, Norminha fez uma expressão e um trejeito que queria dizer que se eu não soubesse, saberia ela? e que a voz do outro lado disse que voltaria a ligar. Então eu tive a certeza: Elza era o nome da mulher que eu amava.

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